quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

UMA VISITA AO PRESÉPIO ANO 2011

Vigília das CEB's - by Jean dos Anjos
UMA VISITA AO PRESÉPIO ANO 2011
            Natal tem a ver com nascimento. Nascimento tem a ver com algo novo. O novo tem a ver com mudança. Mudança tem a ver com esperança. Esperança tem a ver com vida. Vida tem a ver com todos nós. E nós temos a ver com os outros, nos quais habita o sentido do nosso ser, da nossa existência.
            Nem sempre é fácil deixar o outro fazer parte da nossa vida, o outro em toda a sua existência, o outro carregado de suas angústias, seus sofrimentos, suas doenças e seus problemas, suas alegrias e conquistas, seus desejos. Neste sábado que passou, dia 17, experimentamos como faz um bem tremendo deixar o outro entrar na vida da gente e você partilhar, nem que seja por um momento, a vida do outro. Faz bem tanto ao outro como a você. Isso aconteceu na vigília das Comunidades Eclesiais de Base, realizada nas comunidades “Trilha do Senhor” e “São Vicente”. Uma caminhada ao longo de um trecho do trilho deu início a este gesto de solidariedade. Durante toda a noite, até o raiar do dia de domingo, dia do Senhor, “dia de graça”, mais de cem pessoas permaneceram em vigília, reflexão e oração, ouvindo depoimentos dos moradores e todos se confraternizando, formando uma teia comprometedora. Todos os presentes queriam sentir a presença do outro e da outra em sua vida, aquele outro que neste caso é o morador e a moradora daquelas duas comunidades e de mais vinte outras comunidades, moradores todos que vivem a terrível ameaça de serem mandados embora de suas casas, devendo passar exatamente pela mesma experiência pela qual passaram José, Maria e Jesus quando sentiam na pele que “não havia lugar para eles”. Como testemunhara uma senhora ao dizer que neste Natal não estava com vontade de enfeitar a sua humilde moradia com os símbolos natalinos, como fazia durante dezenas de anos. Por quê? Porque para ela, como para tantas outras famílias, nada de novo há de acontecer neste Natal, e a mudança que está prevista não é para melhor, e sem esta esperança não há vida futura e mais digna. Ela falava por duas vezes e levantava a voz ao se referir aos mais de 300 idosos e idosas que moram por lá, e dizia com a voz amarga: “O que vai ser dos nossos idosos? Para onde eles irão?”.
            Os moradores daquelas comunidades, ameaçadas pelo projeto estadual, denominado de “Mobilidade Urbana”, sentem que na realidade trata-se de uma “higienização social”, como expressa em uma das faixas estendidas no local da vigília. “Higienização social” significa dizer que os pobres têm que ser removidos, a fim de que o cartão postal da cidade de Fortaleza, a ser apresentado durante a Copa de 2014, seja lindo, mostrando uma cidade de belos prédios, um lindo e veloz VLT e, principalmente, um cartão postal sem favelas e, acima de tudo, sem pobres. Os moradores também se perguntam por que o poder municipal está omisso nesta questão. E o mais grave: como o Governo do Estado se dá o direito de não cumprir a lei que estabelece como dever das autoridades encontrar um terreno nos arredores, quer dizer dentro do limite de 2 km do antigo local de moradia, para reassentamento de populações removidas. Todos estes pontos, além de mais outros, constam numa nota das CEBs, publicada num jornal local neste domingo, dia 18.
            Eu pergunto: por que tanto autoritarismo? Por que não se abre um canal de diálogo? Será medo? Por que este povo deve passar um Natal cheio de desespero? Por que todas estas 5000 famílias devem entrar no Ano Novo sem esperança em algo melhor? Qual é o sentido de levantar belos presépios estaduais e municipais, enquanto os governantes não têm coragem de visitar os presépios reais e vivos dos humildes que formam a imensa maioria da população da cidade de Fortaleza? Como e com quais argumentos se justifica roubar a esperança de um povo?
            Eu digo: não precisa ter medo. O povo não morde. O povo só quer um pouco de sossego e de paz. Aliás, o povo é de paz. Agora, isso só se entende se visitar esta gente, sentar com ela, escutá-la, e fazer isso desarmado num espírito de paz, que é o verdadeiro e único espírito natalino. Só assim poderá haver nascimento de algo novo que vai mudar o percurso da nossa história e nos dará a todos a real esperança de vida a partir e no outro, aquele no qual habita o sentido do nosso ser, da nossa existência. Não foi por isso que Deus nasceu feito gente, que nem nós?
21-12-2011,

Geraldo Frencken

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Nota de apoio às comunidades do trilho

Vigília das CEB's - by Jean dos Anjos
Nota de apoio às comunidades do trilho em luta contra a política de higenização social do Governo do Estado – Jornal O Povo - 18 de dezembro de 2011

 As Comunidades Eclesiais de Base de Fortaleza, sensibilizadas pelo clamor dos moradores ao longo da via férrea entre Parangaba e Mucuripe, vêm a público declarar sua irrestrita solidariedade aos concidadãos ameaçados de remoção pelo Governo do Estado do Ceará ...
e denunciar o autoritarismo e a falta de diálogo e transparência deste mesmo Governo. Diante da propaganda oficial maciça com relação às obras para a COPA de 2014, as CEBs querem tomar posição, questionando os seguintes pontos:

1. Admitindo a utilidade do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para melhorar a infraestrutura da cidade em vista da COPA de 2014, questiona-se, no entanto, a necessidade de fazê-lo correr por sobre o trilho atual, já que isso implica mexer com as residências de 5000 famílias, distribuídas em 22 comunidades ao longo da via férrea – algo que é muito oneroso para os cofres públicos, devido às indenizações. Em muitas cidades europeias o VLT (ou bonde) corre sobre trilhos colocados dentro do leito da rua, em faixa própria, sem prejuízo para o trânsito de automóveis. O fato de o Governo Cid Gomes ter descartado tão depressa as alternativas tecnológicas existentes indica que pretende mesmo é “limpar” a área nobre da cidade de famílias pobres para entregar o espaço às grandes construtoras de prédios e condomínios de luxo. Um vídeo que está circulando na Internet comprova claramente esta suspeita!

2. As famílias ameaçadas pelo projeto “Mobilidade Urbana” experimentam, em pleno Natal, um clima de terror e de total insegurança com relação ao futuro de seus lares. Os agentes do Estado têm mantido a população atingida cronicamente desinformada; as iniciativas do Governo têm chegado aos ouvidos das comunidades através da imprensa. Dada a magnitude do drama social que as planejadas remoções desencadearão, deve-se repudiar com veemência o autoritarismo e a falta de diálogo com que as autoridades públicas (des)tratam cidadãos e cidadãs pobres de Fortaleza.

3. Também o poder municipal se omite na questão. Sobretudo a comunidade do Lagamar, transformada em ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) há alguns anos, lembra como a prefeita vetou ao Governo do Estado a implantação de um estaleiro no Titanzinho. Sendo autoridade máxima na capital, poderia fazer o mesmo no caso do Lagamar e de outras comunidades, apostando em urbanização e qualificação das moradias existentes ao invés de remoção. Ou prevaleceria aqui o acordo político eleitoral com o governador por sobre os direitos de cidadãos fortalezenses?

4. As famílias que já aceitaram acordo com os agentes do Governo, por quererem deixar o Trilho em busca de uma área melhor para morar, estão hoje arrependidas: Suas casas têm sido avaliadas muito abaixo de seu real valor, com propostas de indenização pífias que não permitem adquirir uma moradia decente alhures. O Estado nega-se a indenizar mais do que “as paredes da casa”, alegando que a maioria das famílias, embora resida há décadas em seus terrenos, nunca requereu título de propriedade através da Lei do Usucapião. Além disso, habitam normalmente em cada terreno dois ou três núcleos familiares – que são indenizados como se fossem uma única casa! Quanta injustiça!

5. Verificou-se que o terreno apontado pelo Governo Cid para receber as famílias removidas do Trilho, situado além do bairro Pref. José Walter, encontra-se até agora sem infraestrutura e construção alguma. Ao invés disso, está ocupado por população sem-teto à qual tinha sido prometido, anteriormente, como local de sua futura moradia! Diante do impasse, o Governo Estadual aprovou, em regime de urgência, mensagem na AL que autoriza pagamento de R$ 200,- mensais de “aluguel social” para as famílias mais carentes, até o recebimento de um imóvel no projeto Minha Casa, Minha Vida. Pergunta-se: Onde numerosas famílias acharão, contando apenas com esta quantia ridícula, abrigo de sol e chuva – e isso ao longo de no mínimo um ano, já que nenhuma obra habitacional foi iniciada até agora para receber toda essa população? Que “Feliz Ano Novo” é esse que o Governo deseja a seus cidadãos?

6. As comunidades reivindicam que o Governo do Estado cumpra a lei que estabelece como dever das autoridades encontrar um terreno nos arredores do antigo local de moradia para reassentamento de populações removidas. Os moradores do trilho têm direito de permanecerem próximos à área em que têm vivido todos esses anos. Não querem nada além do que é justo. As Comunidades Eclesiais de Base já os apoiam nesta luta. Conclamamos todas as pessoas de boa vontade e as entidades cívicas de defesa dos direitos do cidadão a se ocuparem, também, dessa causa! Para que a justiça e a paz se abracem de verdade, neste Natal...

Pela abertura imediata de negociações sinceras entre governo e comunidades! Pelo direito à moradia digna!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

II Colóquio Teológico - Fotos

Querid@s,

Abaixo, alguns dos melhores momentos do nosso Colóquio em fotos.

Carlo, Geraldo, Antonieta, Michael e Jaefson 
Geraldo Frencken

Michael Kosubek










Carlo Tursi
Salão lotado no Otávio Bonfim

Público atento

João Facundo provoca a mesa e enriquece o Colóquio


Jaefson Rodrigues responde as provocações e torna o Colóquio um
espaço de diálogo.
Movimento Forte


O Movimento cresce