(uma reflexão sobre a nossa missionariedade)
O que significa isto? Significa que devemos voltar sempre à fonte da nossa missão que é o Cristo.
Em diversas passagens dos evangelhos o próprio Jesus determina sua missão:
Em Mateus, capítulos 5 a 7, no “Sermão da Montanha” (“... Vós sois o sal da terra [...]. Vós sois a luz do mundo ...”. Ele deixa a cartilha para a vida de seus seguidores;
Em Lucas 4, 18-20 (“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; ...”), Jesus apresenta a sua própria carteira de identidade; - em Lucas 7, 22-23 (“... os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciado o Evangelho;....”)Ele antecipa o resultado de sua missão,
E em Mateus 25, 31-46 (“... tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e vieste ver-me.”), Jesus nos explica qual deve ser a verdadeira conduta dos que desejam segui-Lo.
É através destas passagens dos evangelhos que podemos entrar no espírito missionário de Jesus.
A missão não deve partir da Igreja e levar de volta a ela, mas sim, deve partir de Jesus e levar de volta a Ele, que, por sua vez, a entrega ao Pai.
É Jesus que nos põe em missão, e a missão dEle não era de fundar alguma Igreja, e sim de anunciar o Reino de Deus.
Como fala Padre José Comblin: “Ele se dedicou exclusivamente ao anúncio e à promoção do Reino de Deus, o que significa dizer que propôs uma mudança radical de toda a humanidade em todos os aspectos, mudança esta, da qual os pobres são os atores, porque somente eles são capazes de atuar com sinceridade e autenticidade para promover um mundo novo. Esta é uma meta política, porque é uma orientação dada a toda a humanidade.”(1)
A fim de ampliar esta reflexão, quero conectar a esta regra da missão, que é o Cristo, outro aspecto tão determinante para a nossa Igreja nas últimas cinco décadas.
O Concílio Vaticano Ecumênico II, que celebrará seus cinqüenta anos em 2012, nos deixou como legado mais importante uma nova concepção de Igreja, como diz Dom Demétrio Valentini: “Após vinte séculos de existência e de experiência vital, a Igreja parou um pouco para refletir sobre si mesma.
Na expressão de Paulo VI, a Igreja neste concílio tomou consciência mais profunda de sua identidade. O passo decisivo foi dado no capítulo II da Constituição Dogmática Lumen Gentium, quando a Igreja se autodefiniu com a figura de Povo de Deus, resgatado por Cristo, convocada para unir toda a humanidade, enraizado na vocação e missão seladas pelo Batismo e pelo sacerdócio comum de todos os fiéis”. (2)
É nesta redefinição que a Igreja descobre seu verdadeiro habitat que é o mundo real dos homens e das mulheres: “..., a Igreja tem diante dos olhos o mundo dos homens, ou seja, a inteira família humana, com todas as
realidades no meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da humanidade, marcado pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; [...]; mundo, finalmente, destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização.” (Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n.º 2). Em seguida, o Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, é fortemente marcado por esta visão sobre a Igreja como “Povo de Deus”. Nele também se fala em “Sacerdócio comum de todos os fiéis”, que está na base do que marcou profundamente a Conferência dos bispos da América Latina em Puebla (1979), quando falaram em “Comunhão e Participação”.
Estas caracterizações e reflexões eclesiológicas e pastorais -“Povo de Deus”, “estar no mundo”, “sacerdócio comum” e “comunhão e participação”- nos levam a uma “Igreja comunitária”, incentivada desde a Conferência de Medellin (1968), aquela Igreja experimentada e vivida pelas Comunidades Eclesiais de Base, tão fortemente presentes na caminhada do Povo de Deus no nosso continente.
É esta Igreja que podemos entender como um dos caminhos que abrirá espaço para a realização do Reino de Deus. Entendo esta maneira de ser Igreja (Dom Aloísio Lorscheider dizia que “comunidade é a única maneira da Igreja ser”)como uma das formas de vivermos a nossa missão, porque nela percebemos claramente as quatro características acima citadas. “Missão” assumida em comunidade por todos aqueles que fazem parte do projeto de Jesus e que, em corresponsabilidade, juntos com Ele, darão sinais da chegada do Reino de Deus no meio de nós.
Hoje em dia a nossa indagação deve ser como vivenciar a mensagem viva de Cristo, de tal maneira que dela nasça uma vida cristã consciente, com verdadeira união na celebração da Eucaristia e com a perspectiva de uma existência social mais humana.
As pequenas comunidades que vivem a sua vida cristã conscientemente tornam visível o invisível! Elas tornam visível o que? A unidade. A unidade como força construtiva que é a base, o fundamento da transformação de um mundo desumano e distante das características do Reino de Deus.
Esta presença unificadora na vida do povo em comunidade não poderia ter se realizado se a sensibilidade por união e vida comunitária não fosse inerente ao ser humano, se a vontade de unir-se não fosse uma característica essencial de todo homem e toda mulher, se este movimento não tivesse tido como ponto de partida as primeiras comunidades dos cristãos nas quais “todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum ...” (Atos 2, 44)
E “A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma.” (Atos 4,32) e se o movimento iniciado por Cristo não tivesse partido do profundo desejo d’Ele de unir a todos em torno do Pai (“.... para que sejam um, como nós somos um”, João 17, 22b).
Quero crer que, a partir desta maneira de sermos Igreja, poderemos chegar a renovadas maneiras de colocarmos em prática a nossa missionariedade, adaptada aos nossos tempos de hoje, construindo em conjunto respostas adequadas aos anseios dos homens e das mulheres de hoje: missão entendida como um movimento no qual se vive a fé no Cristo Ressuscitado.
Esta missão há de nos interpelar e inquietar: quanto tempo nós, como seguidores de Jesus, “dedicamos ao Amor e à Justiça” (São Vicente de Paulo), que são as pedras fundacionais do Reino de Deus?
Fortaleza, 28 de setembro de 2011
Geraldo Frencken
Fontes.
1-COMBLIN, Padre José. O que está acontecendo na Igreja?
(Conferência proferida por José Comblin em 18 de março de 2010 em San Salvador em comemoração aos trinta anos de morte de Dom Romero)
2- VALENTINI, Dom Demétrio. Revisitar o Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 27-28
O Movimento por uma Formação Cristã Libertadora surgiu em razão da insatisfação, compartilhada entre estudantes e docentes de teologia, catequistas e lideranças comunitárias, acerca do tipo de formação teológica catequética que se oferece ao Povo de Deus na Igreja de Fortaleza. O Movimento busca uma instrução Cristã Libertadora, engajada e solidária com os pobres.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
PROCURA-SE UM BOM PASTOR
Já tiveste a sensação de alguém, falecido há algum tempo, permanecer “vivo” para ti? Permanecer fortemente presente em teu pensamento, continuar a servir de farol luminoso para o teu agir? Muito mais do que certas pessoas ainda vivas?
É assim que nos acontece com personagens marcantes, fascinantes, vibrantes, visionárias. É assim que me acontece com dom Aloísio Lorscheider, cujo quarto aniversário de morte (23/12/2007) se aproxima. Tenho uma foto dele colada na minha mesa de trabalho, é verdade, mas é a imagem dele que me vem à mente quando penso na Igreja em que acredito. Por que será?
Indubitavelmente, porque dom Aloísio tinha um perfil próprio, possuía um estilo inconfundível, era uma personalidade. Não se parecia com esta imagem episcopal padronizada e imposta que impera hoje: a dos prelados pomposos, envoltos numa aura de sagrado numinoso, mas sem quase nenhuma irradiação pessoal, donos de um discurso oficioso ensaiado, homologado, genérico e – em última análise – irrelevante para os destinos do nosso mundo. Bispos sem estatura própria, meninos de recado do Grande Pai em Roma, do Santo Padre (que blasfêmia, meu Deus!), cumpridores solícitos de ordens superiores, que nunca dizem o que realmente pensam, mas somente o que são mandados para dizer em nome da Instituição Eclesiástica. Bispos que cavalgam ad nauseam velhos cavalos de batalha como o aborto e a moral sexual (dos leigos, é claro!), mas que se calam diante das maiores atrocidades e injustiças que afligem a nossa sociedade. Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem, à transformação do mundo. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal. Quer ver? Então veja:
Na fala: “Estamos fazendo bonitas palestras, pregando belos retiros [...], mas na realidade, não estamos concluindo nada! As grandes iniciativas realmente relevantes não estão saindo, porque ainda não reconhecemos, de fato [...], a função e a dignidade cristã do leigo e da leiga” (MLA* pp.144-145). Ou que tal isto: “O leigo deve ter sua própria condição dentro da Igreja. Não deveriam ser convidados leigos ‘maquiados’ e sim, leigos-leigos” (MLA p.47). “Sem luta e engajamento, não se chega à felicidade verdadeira! [...] Agora, a grande maioria das pessoas, hoje, espera do recurso ao sagrado, em primeiro lugar, proteção e defesa contra todos os
males. “A motivação religiosa encontra-se muito mais próxima do medo e da insegurança do que da convicção e do compromisso” (MLA p.140). “O que acontece é que os cristãos se tornam cautelosos, não querem se expor. Está desaparecendo a espontaneidade. Para que haja mais espontaneidade deveremos, da parte do episcopado, aceitar a franqueza das pessoas. Um indivíduo que fala com franqueza não quer ofender ninguém, mas quer ajudar: isto está faltando na Igreja!” (MLA p.172). “Foram dois desafios que não foram abraçados: a opção preferencial pelos pobres e a organização das CEBs. É um desastre: O clero não acompanha as CEBs!” (MLA p.85).
Estás vendo? Qual o bispo que, hoje, ousa falar assim?
E no testemunho: Tenho fotos de dom Aloísio visitando casas e casebres no Morro do Teixeira/Castelo Encantado, subindo e descendo – na areia das dunas – os becos de favela, levando fé, esperança e amor aos pobres. Guardo ainda hoje recortes de jornal que mostram o mesmo dom Aloísio em um dos presídios mais perigosos da Ceará, o qual costumava frequentar (Qual o bispo que ainda leva a sério a palavra de Jesus: “Eu estive preso e tu foste me ver”?). Lembro-me como dom Aloísio criou e equipou o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos na Arquidiocese, para prestar assistência jurídica às populações indefesas, sobretudo aos indígenas (perguntar não ofende: quanto o Arcebispado investe, atualmente, neste trabalho?).
Foi dom Aloísio que patrocinou experiências de formação seminarística inserida no meio popular, fora do Seminário. Também foi ele que conseguiu, por sua iniciativa pessoal, reverter uma ordem vinda do Vaticano para despedir os padres casados que atuavam como professores no curso de Teologia. Para não falar do incentivo importante que ele deu à criação da Conferência Nacional dos Leigos no Brasil – projeto abortado pela CNBB de hoje.
Por tantas palavras e atitudes corajosas e marcantes, a figura de dom Aloísio permanece vivíssima e luminosa para mim. Já não posso dizer a mesma coisa de muitos prelados pasteurizados que hoje desfilam solenemente seus paramentos em torno dos altares até desaparecem, literalmente, na nebulosidade do incenso: às vezes, me lembram os “sepulcros caiados” de quem falava Jesus... – cala-te, boca!
Salve Dom Aloísio, salve-nos!
Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal
Dom Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, 8/10/1924 a 23/ 12/2007
(Carlo Tursi- teólogo)
É assim que nos acontece com personagens marcantes, fascinantes, vibrantes, visionárias. É assim que me acontece com dom Aloísio Lorscheider, cujo quarto aniversário de morte (23/12/2007) se aproxima. Tenho uma foto dele colada na minha mesa de trabalho, é verdade, mas é a imagem dele que me vem à mente quando penso na Igreja em que acredito. Por que será?
Indubitavelmente, porque dom Aloísio tinha um perfil próprio, possuía um estilo inconfundível, era uma personalidade. Não se parecia com esta imagem episcopal padronizada e imposta que impera hoje: a dos prelados pomposos, envoltos numa aura de sagrado numinoso, mas sem quase nenhuma irradiação pessoal, donos de um discurso oficioso ensaiado, homologado, genérico e – em última análise – irrelevante para os destinos do nosso mundo. Bispos sem estatura própria, meninos de recado do Grande Pai em Roma, do Santo Padre (que blasfêmia, meu Deus!), cumpridores solícitos de ordens superiores, que nunca dizem o que realmente pensam, mas somente o que são mandados para dizer em nome da Instituição Eclesiástica. Bispos que cavalgam ad nauseam velhos cavalos de batalha como o aborto e a moral sexual (dos leigos, é claro!), mas que se calam diante das maiores atrocidades e injustiças que afligem a nossa sociedade. Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem, à transformação do mundo. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal. Quer ver? Então veja:
Na fala: “Estamos fazendo bonitas palestras, pregando belos retiros [...], mas na realidade, não estamos concluindo nada! As grandes iniciativas realmente relevantes não estão saindo, porque ainda não reconhecemos, de fato [...], a função e a dignidade cristã do leigo e da leiga” (MLA* pp.144-145). Ou que tal isto: “O leigo deve ter sua própria condição dentro da Igreja. Não deveriam ser convidados leigos ‘maquiados’ e sim, leigos-leigos” (MLA p.47). “Sem luta e engajamento, não se chega à felicidade verdadeira! [...] Agora, a grande maioria das pessoas, hoje, espera do recurso ao sagrado, em primeiro lugar, proteção e defesa contra todos os
males. “A motivação religiosa encontra-se muito mais próxima do medo e da insegurança do que da convicção e do compromisso” (MLA p.140). “O que acontece é que os cristãos se tornam cautelosos, não querem se expor. Está desaparecendo a espontaneidade. Para que haja mais espontaneidade deveremos, da parte do episcopado, aceitar a franqueza das pessoas. Um indivíduo que fala com franqueza não quer ofender ninguém, mas quer ajudar: isto está faltando na Igreja!” (MLA p.172). “Foram dois desafios que não foram abraçados: a opção preferencial pelos pobres e a organização das CEBs. É um desastre: O clero não acompanha as CEBs!” (MLA p.85).
Estás vendo? Qual o bispo que, hoje, ousa falar assim?
E no testemunho: Tenho fotos de dom Aloísio visitando casas e casebres no Morro do Teixeira/Castelo Encantado, subindo e descendo – na areia das dunas – os becos de favela, levando fé, esperança e amor aos pobres. Guardo ainda hoje recortes de jornal que mostram o mesmo dom Aloísio em um dos presídios mais perigosos da Ceará, o qual costumava frequentar (Qual o bispo que ainda leva a sério a palavra de Jesus: “Eu estive preso e tu foste me ver”?). Lembro-me como dom Aloísio criou e equipou o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos na Arquidiocese, para prestar assistência jurídica às populações indefesas, sobretudo aos indígenas (perguntar não ofende: quanto o Arcebispado investe, atualmente, neste trabalho?).
Foi dom Aloísio que patrocinou experiências de formação seminarística inserida no meio popular, fora do Seminário. Também foi ele que conseguiu, por sua iniciativa pessoal, reverter uma ordem vinda do Vaticano para despedir os padres casados que atuavam como professores no curso de Teologia. Para não falar do incentivo importante que ele deu à criação da Conferência Nacional dos Leigos no Brasil – projeto abortado pela CNBB de hoje.
Por tantas palavras e atitudes corajosas e marcantes, a figura de dom Aloísio permanece vivíssima e luminosa para mim. Já não posso dizer a mesma coisa de muitos prelados pasteurizados que hoje desfilam solenemente seus paramentos em torno dos altares até desaparecem, literalmente, na nebulosidade do incenso: às vezes, me lembram os “sepulcros caiados” de quem falava Jesus... – cala-te, boca!
Salve Dom Aloísio, salve-nos!
Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal
Dom Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, 8/10/1924 a 23/ 12/2007
(Carlo Tursi- teólogo)
sábado, 24 de setembro de 2011
C u r s o l i v r e n o M o v i m e n t o F a m i l i a r C r i s t ã o
Hans küng:
“em que eu creio”
Grandes teólogos do século XX.
c o m
C a r l o T u r s i
Ementa
Uma síntese do pensamento teológico e da fé pessoal de Hans Küng, nato em 1928, hoje professor emérito de Teologia Ecumênica e presidente da Fundação Éthos Mundial. Merecem destaque suas reflexões mediadoras entre Fé e Razão/Ciências, entre Cristianismo e as grandes tradições religiosas do mundo, entre as confissões cristãs. Foi punido pelo papa João Paulo II com a cassação de sua licença para lecionar por seu livro “Infalível? – Um Questionamento”. Constitui-se, hoje, crítico mais proeminente do que ele chama a “doença” da Igreja Católica: o sistema romano de domínio jurídico universal. – Imperdível para amantes da Teologia.
Às quintas-feiras de out./nov. das 19:00 às 21:00 h
na sede do Movimento Familiar Cristão (Rua Pinto Madeira 801)
1ª aula: 06 de outubro
Informações/inscrições: 3263-2730
“em que eu creio”
Grandes teólogos do século XX.
c o m
C a r l o T u r s i
Ementa
Uma síntese do pensamento teológico e da fé pessoal de Hans Küng, nato em 1928, hoje professor emérito de Teologia Ecumênica e presidente da Fundação Éthos Mundial. Merecem destaque suas reflexões mediadoras entre Fé e Razão/Ciências, entre Cristianismo e as grandes tradições religiosas do mundo, entre as confissões cristãs. Foi punido pelo papa João Paulo II com a cassação de sua licença para lecionar por seu livro “Infalível? – Um Questionamento”. Constitui-se, hoje, crítico mais proeminente do que ele chama a “doença” da Igreja Católica: o sistema romano de domínio jurídico universal. – Imperdível para amantes da Teologia.
Às quintas-feiras de out./nov. das 19:00 às 21:00 h
na sede do Movimento Familiar Cristão (Rua Pinto Madeira 801)
1ª aula: 06 de outubro
Informações/inscrições: 3263-2730
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
GRITO DOS EXCLUÍDOS E DAS EXCLUÍDAS
Após mais um ano do “Grito dos excluídos e das excluídas” e tendo participado do mesmo com muito prazer e alegria, não posso deixar de fazer minha reflexão a respeito do que senti, vi e observei e também do que não vi.
O “Grito” foi muito bem organizado e algumas coisas chamaram atenção. A abertura se deu às 08:30, ou seja, desde cedo as pessoas ali reunidas se agrupavam junto ao trio-elétrico, a partir do qual eram dirigidas as atividades, como leituras, orações, cânticos, avisos, depoimentos etc. . Charmosa a apresentação da criançada, alegrando a todos e todas. A presença das pastorais sociais, de diversos grupos e organizações, assim como de pessoas que apóiam estes movimentos populares, as faixas, o colorido das pessoas, a alegria estampada no rosto de todos e a naturalidade com a qual se enfrentava o sol escaldante, tudo isso inspira confiança e a certeza de que vale a pena insistir num projeto que vise a humanização da nossa sociedade. Considero muito positivo o fato que havia a distribuição de sacinhos com água gelada, a fim de refrescar todos e todas que precisavam deste serviço irmão. E ainda: foi bonito ver que haviam sido colocados sacos de plástico, para que ninguém precisasse jogar lixo na pracinha em frente e nos laterais da capela de São Francisco. Ótimo foi ver algumas moças juntando lixo nas ruas por onde passava mais tarde a caminhada: um gesto ecológico de alta qualidade! A comunidade do Lagamar soube-se incluída no “Grito” que sonha com uma sociedade mais igualitária, mas não ficou com aquele lixo no meio da rua como sempre se vê onde há concentrações de muita gente. Parabéns!
Tudo isso vimos, ouvimos, sentimos e muito apreciamos.
Mas permita-me fazer outras observações. É um pouco lamentável ver pouca gente num ato popular desta importância. Não é por falta de aviso por parte da organização. Não é possível que as pessoas que poderiam ou deveriam se interessar possam alegar que não sabiam: este foi o décimo sétimo ano do “Grito”, que nunca aconteceu em outra data a não ser no dia 07 de setembro, que por sua vez nunca deixou de ser um
feriado. E ainda é bom nos lembrar que o “Grito” é um movimento organizado a partir da e apoiada pela própria CNBB e seus órgãos, especialmente aqueles ligados às questões sociais. O Concílio Vaticano II tinha como suas duas afirmações mais fecundas a identificação da Igreja como “Povo de Deus”, e a outra que dizia que o lugar da Igreja é no mundo bem pertinho das pessoas, comprometendo-se especialmente com os empobrecidos e injustiçados, anunciando desta forma o desabrochar do Reino de Deus no meio de nós. As constituições conciliares Lumen Gentium e a Gaudium et Spes têm trabalhado esta temática exaustivamente há cinqüenta anos (!) e inúmeros documentos da Igreja aprofundaram a mesma temática. Pergunto por tanto: por que a quase total ausência por parte do clero, que insiste em não participar!? Sei e sou testemunho de que em muitas paróquias nem é dado o aviso do “Grito”! Penso que o povo tenha ao menos o direito de saber o que acontece no seio da Igreja! Eu gostaria somente que alguém respondesse com seriedade e sinceridade a esta simples pergunta: POR QUE!?
Não nos esqueçamos que Jesus somente ficou quatro vezes num lugar mais alto do que o povo: durante o Sermão da Montanha, mas foi para nos ensinar o novo jeito de viver; na Cruz, mas foi para se doar à humanidade no mais sublime ato de amor; na Ressurreição, mas foi para anunciar que a Vida vence a morte; e, em fim, na subida aos céus, mas foi para nos dizer que Ele está nos esperando na casa do seu Pai que é definitivamente “Pai Nosso”. Jesus nunca ficou “acima” do povo para se distanciar, e sim para se aproximar mais, servindo aos seus irmãos e às suas irmãs, bem ao lado deles e delas.
Fortaleza, sete de setembro de 2011,
Geraldo Frencken
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Grito dos Excluídas e Excluídas de Fortaleza acontece no Lagamar
Grito dos Excluídas e Excluídas de Fortaleza acontece no Lagamar
A décima sétima edição do Grito dos Excluídos e Excluídas em Fortaleza acontecerá na comunidade do Lagamar, bairro São João do Taupe, em Fortaleza, Ceará. A concentração inicial será, às oito horas, na Praça São Francisco. A caminhada percorrerá algumas ruas do Lagamar, encerrando em frente à Igreja Sagrada Família, Praça Padre Pasquale, bairro Pio XII. Este ano o Grito tem como tema, “Pela Vida grita a TERRA. Por direitos todos nós.” O tema quer dar continuidade às questões levantadas pela Campanha da Fraternidade 2011 cujo tema foi “Fraternidade e Vida no Planeta”.
Por ser um espaço de denúncia e profecia, desta vez, o Grito denuncia a outra face do legado que nos deixarão os megaeventos e projetos colossais que não saem da mídia: os novos estádios, aeroportos e avenidas para a Copa 2014, como a implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e a construção de grandes hotéis. Tais obras ameaçam a vida de integrantes de comunidades dos mais diversos bairros, as quais poderão ser removidas por causa dessas obras. impactos sociais com a remoção forçada de famílias que serão obrigadas a mudar o rumo de sua história, laços humanos serão cortados. Casas serão derrubadas para que ruas e avenidas sejam alargadas para o Brasil mostrar ao mundo que cumpriu bem o dever de casa e está preparado para receber os tais eventos esportivos. Denunciar a morte, em suas mais variadas faces: dizimação de crianças, jovens, adultos, idosos e a degradação do meio ambiente. Quer denunciar, ainda, a violação dos direitos da população que não tem nenhuma garantia da melhoria na qualidade de vida. Enquanto isso, R$ 9 bilhões do dinheiro público serão gastos com infra-estrutura para esse megaevento; e as Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro; como também a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
O Grito dos Excluídos e Excluídas é um momento de aglutinação das lutas sociais no Brasil. Reúne diversos atores sociais dos movimentos sociais, organizações não governamentais, paróquias e áreas pastorais da Igreja, comunidades e pessoas de boa vontade. Nasceu em 1995 como um gesto concreto da segunda Semana Social Brasileira, evento realizado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB).
Serviço:
Décima sétima edição do Grito dos Excluídos e Excluídas
Horário: 8h00
Local: Praça São Francisco – Comunidade do Lagamar. Próximo ao Sindonibus, Borges de Melo.
Organização: Pastorais Sociais, CEBs e Organismos da Arquidiocese Fortaleza em parceria com movimentos populares e organizações da sociedade civil.
Contatos: Padre Lino Allegri (Pastoral do Povo da Rua) (85) 3270.1486, Emanuel Costa (Comunidade do Lagamar) (85) 8828. 4573, Cássia (Comunidade Trilha do Senhor) (85) 8813 6991, Francisco Vladimir (Jornalista, membro da Pastoral do Migrante)
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