Ao saber do falecimento de Messias Pontes, meus pensamentos e minhas lembranças voltaram à década de 1970, ao interior do Estado do Pará, Diocese de Cametá, distante mais ou menos 200 km. de Belém, região banhada pelo rio Tocantins. Era a época das Comunidades Eclesiais de Base, assumidas em cheio e com muito empenho pela Igreja de então. Era o tempo, em que entidades, mesmo com filosofias diversas, trabalhavam juntas, enriquecendo-se mutuamente, ao se empenharem no cuidado do bem estar do povo, e especialmente no crescimento da conscientização das pessoas, a fim de que se entendessem como sujeitos de sua própria história.
Messias e sua esposa Nilma, impossibilitados de permanecerem em Fortaleza em virtude da sistemática e convincente resistência às arbitrariedades do regime militar, trabalhavam numa entidade, chamada FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional. Havia na região do baixo Tocantins, precisamente na cidade de Cametá, um ponto de apoio daquela entidade. Por diversas vezes viajávamos de barco, Messias, Nilma, eu e colegas, para visitar pequenas comunidades no interior, seja nas ilhas, ou em terra firme, permanecendo juntos do povo em momentos de processos de conscientização, ou para tratarmos de assuntos mais práticos, como a formação de lideranças comunitárias e para promover cursos de agricultura, enfermagem, e outros mais. Este trabalho fundamentava-se, fortemente, na defesa dos direitos do povo à promoção humana, à vida digna e, acima de tudo, à valorização da vida comunitária e à consciência sociopolítica de sua cidadania. Eram tempos em que se trabalhava com gosto e imenso prazer, porque se via as pessoas crescerem, tanto na sua autoestima, como reforçando a sua vida em comum.
Quando, anos depois, já em Fortaleza fui à “RÁDIO CIDADE AM” para uma entrevista a respeito de Dom Aloísio Lorscheider, o meu entrevistador era justamente Messias. Muitas conversas surgiram, lembrando aqueles bons tempos lá no Pará.
Hoje lamento Messias ter se despedido de nosso convívio cedo demais, agradecendo a ele por tudo que sonhou e realizou, a fim de que nos conscientizemos acerca da nossa responsabilidade pela construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária, sem resquícios de oligarquias, seja de que tipo ou família for.
Para Nilma, o filho Carlos e as filhas Silvana e Márcia, nosso abraço de solidariedade neste momento de dor. Sejamos certos de que as sementes, plantadas por Messias, se transformarão em bons e belos frutos.
Fortaleza, 13-11-2013,
Geraldo Frencken
geraldof73@yahoo.com.br
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