quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MESSIAS PONTES

ImagemAo saber do falecimento de Messias Pontes, meus pensamentos e minhas lembranças voltaram à década de 1970, ao interior do Estado do Pará, Diocese de Cametá, distante mais ou menos 200 km. de Belém, região banhada pelo rio Tocantins. Era a época das Comunidades Eclesiais de Base, assumidas em cheio e com muito empenho pela Igreja de entãoEra o tempo, em que entidades, mesmo com filosofias diversas, trabalhavam juntas, enriquecendo-se mutuamente, ao se empenharem no cuidado do bem estar do povo, e especialmente no crescimento da conscientização das pessoas, a fim de que se entendessem como sujeitos de sua própria história. 
Messias e sua esposa Nilma, impossibilitados de permanecerem em Fortaleza em virtude da sistemática e convincente resistência às arbitrariedades do regime militar, trabalhavam numa entidade, chamada FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional. Havia na região do baixo Tocantins, precisamente na cidade de Cametá, um ponto de apoio daquela entidade. Por diversas vezes viajávamos  de barco, Messias, Nilma, eu e colegaspara visitar pequenas comunidades no interior, seja nas ilhas, ou em terra firmepermanecendo juntos do povo em momentos de processos de conscientização, ou para tratarmos de assuntos mais práticos, como a formação de lideranças comunitárias e para promover cursos de agriculturaenfermagem, e outros maisEste trabalho fundamentava-se, fortemente, na defesa dos direitos do povo à promoção humana, à vida digna e, acima de tudo, à valorização da vida comunitária e à consciência sociopolítica de sua cidadania. Eram tempos em que se trabalhava com gosto e imenso prazer, porque se via as pessoas crescerem, tanto na sua autoestima, como reforçando a sua vida em comum. 
Quando, anos depois, já em Fortaleza  fui à “RÁDIO CIDADE AM” para uma entrevista a respeito de Dom Aloísio Lorscheider, o meu entrevistador era justamente Messias. Muitas conversas surgiram, lembrando aqueles bons tempos lá no Pará. 
Hoje lamento Messias ter se despedido de nosso convívio cedo demais, agradecendo a ele por tudo que sonhou e realizou, a fim de que nos conscientizemos acerca da nossa responsabilidade pela construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária, sem resquícios de oligarquias, seja de que tipo ou família for. 
Para Nilma, o filho Carlos e as filhas Silvana e Márcia, nosso abraço de solidariedade neste momento de dor. Sejamos certos de que as sementes, plantadas por Messias, se transformarão em bons e belos frutos. 
Fortaleza, 13-11-2013, 
Geraldo Frencken 
geraldof73@yahoo.com.br 

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