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CUIDAR DO FUTURO
Ouvimos dizer muitas vezes que “O futuro aos jovens pertence.” Bonita esta afirmação, mas será que é assim mesmo? Que futuro?
Estejamos atentos aos acontecimentos. Estou me referindo ao ensino público, à formação contínua dos nossos jovens e crianças, formação esta seriamente abalada pelas constantes greves dos professores municipais do ensino fundamental. Nos últimos seis anos e meio já houve cinco greves desta categoria, somando um total de, até agora, 280 dias de paralisação das aulas, isto é, quase um ano letivo todo. A greve deste ano já tem 52 dias de duração e chegou a um momento grave quando, na semana passada, os professores em frente à Câmara Municipal foram agredidos pela Guarda Municipal. Quais são os problemas? Mais ascensões funcionais, problemas em relação à merenda escolar, plano de cargos e carreiras e, principalmente, a aplicação da Lei do Piso Salarial Nacional dos professores que é uma lei aprovada pelo governo federal em 2009. Mas em Fortaleza e no Estado do Ceará esta lei não está sendo respeitada. Por isso há as greves do ensino fundamental, que é da responsabilidade do município, como também ameaça de greve por parte dos professores do ensino médio, que é da responsabilidade do Estado. Sempre se ouve dizer frases como: “Por que os professores não voltam à sala de aula e deixam de prejudicar as crianças e os jovens?” Mas não é tão simples assim. A não ser que achamos que aqueles que estão por cima sempre têm razão e os que estão por baixo sempre estão errados. A não ser que achamos que aqueles que estão por cima sempre têm o direito de usar da força para impor sua razão, sua opinião, seu entender das coisas enquanto os que estão por baixo sempre são baderneiros e incompetentes. A não ser que achamos que só aqueles que estão por cima têm o direito à segurança assegurada por parte das policias e que aqueles que estão por baixo sempre têm o direito de apanhar, seus olhos serem ofendidos por spray de pimenta e serem agredidos de todas as formas.
E agora a greve foi declarada ilegal. Pergunto-me: é ilegal ter travada uma luta durante trinta anos? É ilegal lutar por um direito adquirido (o piso salarial nacional)? É ilegal lutar por um direito que foi formulado em lei pelo presidente da nação em 2009 e aprovado por unanimidade pelo Congresso? E, do outro lado, é legal fechar qualquer possibilidade de diálogo? Quando algo é legal ou ilegal? Quem decide sobre isso? É somente uma questão de leis? Ou a questão da (i)legalidade deveria ser abordada também a partir de uma visão ética e demais outras óticas?
Quero crer que o futuro de fato pertencerá aos jovens se os órgãos competentes mostrem sua competência no compromisso com o ensino de qualidade, que começa com um salário digno daqueles que se dedicam a bela profissão do magistério, salário este que, no mínimo, respeite as leis.
Geraldo Frencken
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