Puebla - México - Imagem da Net |
“Eu tinha sido convidado pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns para acompanhá-lo em Puebla, porém eu não estava na lista dos teólogos convidados e Dom Paulo não tinha poder para me dar credencial. Assim, tive que entrar clandestinamente no seminário Palafoxiano, edifício em que estava reunida a Conferência. Isso foi possível graças ao frei Gorgulho, o dominicano e exegeta de São Paulo, famoso e muito amigo de Dom Paulo. Acompanhei frei Gorgulho. O seminário estava protegido por três barreiras de jovens pertencentes a um movimento integrista mexicano. Felizmente estes jovens não tinham nenhuma prática desse tipo de função. Chegamos de taxi. Frei Gorgulho dizia aos jovens guardas: ‘Vou para a Conferência’ de uma maneira que não permitia nenhuma dúvida. Os guardas não duvidavam que fosse um dos bispos participantes da assembléia. Eu era simplesmente o servente do ‘sr. Bispo’. Mas agora, como entrar no edifício sem ser identificado pela secretaria da Conferência? Tínhamos descoberto, por trás do seminário, uma pequena porta que dava na cozinha e não estava fechada. Alí ninguém pedia documentos. Entramos pela cozinha, subimos as escadarias e fomos até o quarto de Dom Paulo, onde ficávamos escondidos. Um dia aconteceu o que era inevitável: num corredor encontrei-me com o secretário geral da Conferência, Alfonso Lopez Trujilo, que, naturalmente, me reconheceu imediatamente. É um homem tremendamente violento. É um gigante! Jogou-se contra mim com toda força, agarrou-me pelo pescoço com tanta violência, que só tive tempo de fazer um rápido ato de contrição e de pensar: “Amanhã sai nos jornais a notícia: arcebispo mata sacerdote no seminário Palafoxiano’. Providencialmente apareceu um grupo de bispos e Alfonso Lopez fugiu. Foi assim que fiquei com vida, são e salvo. Quanto ao protagonista, fez uma brilhante carreira eclesiástica, à espera de novas promoções que poderiam levá-lo finalmente ao ponto culminante da hierarquia.”
Ao terminar a palestra, padre José Comblin nos coloca diante da seguinte questão: “Haverá um dia a retomada de Puebla?”
E ele responde:
“Vai depender dos leigos. Muitos leigos que foram ativos nas décadas anteriores sentem-se como que desmobilizados. Muitos já são ex-combatentes, vivendo das saudades dos combates de outrora. Outros estão aí disponíveis, e nós sem saber o que fazer. São milhares de leigos assim desmobilizados no Brasil. Acostumaram-se a esperar da hierarquia sinais e orientações. Aí está o erro. Não olhem mais para a hierarquia, doravante daí não sairá mais nenhuma luz, somente exortações para não pensar, não tomar iniciativas e esperar com paciência.
Não esperem, tomem iniciativas e irão preparar uma Igreja nova para preparar uma sociedade nova, radicalmente diferente daquela que está sendo montada no momento e já caminha para o abismo.
O apelo dirige-se para os jovens. Os grandes projetos nascem na mente de jovens entre 25 e 30 anos. Procurem entre vocês esses jovens que poderão liderar a construção desse mundo novo.”
(Publicada em I JORNADA TEOLÓGICA DO RECIFE”, dedicado a Dom Helder Camara: Igreja do Vaticano II ao 3.º milênio. Avanço ou Retrocesso? 03 a 07 de agosto de 1998. Promoção do Grupo de Leigos Católicos, IGREJA NOVA)
Geraldo Frencken
Este texto, nos exorta, nos ensina a manter-nos em constante combate( o bom )
ResponderExcluira não desistir, e creio que é isto o pensar e agir , deste Movimento.